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Consumíveis

Adriana Nataloni

A terceira revolução industrial iniciada em 1950 produziu uma gigantesca quantidade
de objetos descartáveis. A invenção do plástico toma progressivamente lugar da
madeira e couro. Para manter a lógica econômica esta revolução propõe a solução dos
objetos descartáveis. Altera a relação valor x preço da cultura material. Essa indústria
quer um sentido de igualdade, uniformização, e repetição dos objetos ao infinito e a
prática do descarte.
Os processos artísticos serão inevitavelmente afetados. Desde a aparição das tintas
acrílicas e esmaltes sintéticos até a estrutura de objetos sólidos e tridimensionais em
acrílico, resina e outros materiais. Segurança, previsibilidade e uniformização para
atingir a promessa de felicidade através do consumo.
Adriana Nataloni realiza um laboratório de possibilidades. Cria um cosmos de conexões
indeterminadas revestida de insurgências diversas. No resultado final percebemos
uma nova relação das partes com o todo. Realiza uma Gestalt pelo contrário da lógica
determinada pela indústria de objetos. O trabalho de Adriana Nataloni está longe de
atingir as premissas estéticas da indústria. Utiliza-a com desígnios opostos. Busca a
estética do caos onde antes na origem só existia a ordem imposta pela esteira de
produção.
Suas criações relaciona-se propositalmente com o questionamento da inadequação
diante do mundo da matéria construída. Disponibiliza uma estética de rebelião a este
processo civilizatórios. Enquanto nos produtos da indústria prima pela garantia da
certeza, Adriana nos desvela a instabilidade do incerto como meta na existência
material. Uma mensagem às avessas que a vincula os artistas do Black Mountain
College e sua herança dadaísta.
Essa rebelião dos objetos descartáveis se reflete no conjunto de procedimentos que
negam a origem e lógica da indústria.. São criações únicas impossíveis de serem
serializadas . Neste sentido é o oposto da Pop Art, também um movimento derivado
da super industrialização.
Seu trabalho não busca a solução dos conflitos. Denuncia a inadequação destes
objetos no mundo de consumo de massa. A organização do caos permite novos
significados e propósitos para estes objetos antes descartáveis. É a poética de um novo
estado da matéria.

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